Depois da chegada de Paôla e do namorado de Candio, muitas coisas aconteceram. Os dois rapazes se distanciaram depois das apresentações e Lola me contou sobre como tudo aquilo havia dado trabalho. Bem, eu havia acompanhado de perto e vi todo o empenho que ela tivera em fazer com que tudo saísse perfeito. Claro que algumas coisas ainda assim poderiam dar errado ou não ocorrer como havia sido programado, mas nesses casos teríamos que pedir desculpas e esperar que os demais entendessem que nem tudo estava ao nosso alcance. De onde estávamos vi que muitas pessoas haviam se juntado no salão, muitas das quais eu não conhecia pela quantidade de tempo que passara longe da família. Ainda assim, Paôla e Angelo fizeram questão de chamar, fosse por ser algum amigo próximo ou por ser algum membro de destaque da sociedade. -
Não imaginei que grande parte dos convidados fossem comparecer, devo confessar. - comentei com minha irmã.
-Espero que todos estejam se sentindo bem com o ambiente. Queria conseguir cumprimentar todos e dar as boas vindas, mas acho que só conseguiria isso se a festa durasse mais umas duas ou três noites. - brinquei rindo.
-Ao menos Hestia está fazendo isso por nós. O que me faz pensar que… -antes que eu pudesse concluir a frase, no entanto, uma pessoa aproximou-se de nós e não precisei tirar a máscara do rosto do individuo para reconhecê-lo. Somente sua voz e o seu tom prepotente foi o bastante para que eu visse que Nöel estava ali, mesmo não tendo recebido convite algum.
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Que bom que gostou Denholm. Era realmente essa a nossa intenção, agradar a todos. - respondi ao elogio, controlando-me para ser cortes. Sabia que a arte de Nöel era a provocação, mas por respeito a mão dele, que era uma boa amiga, eu tentava tratá-lo com educação, apesar de saber tudo que ele já causara para todos, principalmente Paôla.
-Espero que sua mãe também compressa. Agora, se nos der licença, precisamos cumprimentar algumas pessoas importantes. -Antes que ele pudesse responder ou falar algo mais, segurei a mão de Paôla e a levei para longe dali. Ele, pelo que vi, não tardou em fazer o mesmo e interagir com alguns convidados.
-Ele não é louco o suficiente para fazer algo que estrague a nossa noite. Hoje ninguém será capaz de fazer isso. - Falei para Paôla, sorrindo na tentativa de acalmá-la e confortá-la.
-E como eu ia dizendo, acho que já está na hora de darmos algumas palavras. - Dito isso, me coloquei no meio do salão com Lola ao meu lado. Enquanto passávamos pelas pessoas cumprimente algumas, sempre sorrindo e apertando mãos. No fim, quando estávamos abaixo do lustre principal, olhei para a pessoa responsável pelo som e gesticulei pedindo para que ele pausasse a música. Como reação esperada, aqueles que estavam dançando pararam e os que mantinham alguma conversa silenciaram.
Um jovem garçom passou ao meu lado e aproveitei para pegar uma taça de champanhe, que serviu para chamar ainda mais a atenção para onde estávamos.
-Boa noite! - falei, elevando o tom de voz, vendo aqueles que ainda mantinham-se de costas virarem na nossa direção.
-Boa noite! - repeti, esperando alguns segundos para continuar, vendo um circulo se formar e os mais afastados se aproximarem.
-Sejam todos muito bem vindos ao baile de máscara da família Stackhouse. Nós ficamos extremamente gratos e felizes em ver que todos reservaram um tempo de suas vidas corridas para se juntar a nós nesse momento de comemoração. Para aqueles que não me conhecem, eu me chamo Miguel Félix e falo em nome de todos da família. Nosso maior desejo seria falar com cada um de vocês, apertar suas mãos e saber como estão, mas creio que isso duraria mais do que uma noite. - dei uma pausa para rir antes de continuar.
-Contudo, quero dizer desde já que todos estão convidados a retornarem a nossa casa sempre que desejarem. Estamos de portas abertas para velhos e novos amigos. - mais uma pausa para olhar para todos.
-Esperamos também que todos dancem, comam e bebam até o limite, pois a diversão hoje é uma regra. Aproveitando a deixa, queremos anunciar que em breve estaremos inaugurando uma joalheria na Galeria Grogan Stump. Queremos todos vocês na nossa inauguração, também! E para mostrar um pouco do nosso trabalho, ao final do baile será dado a cada um de vocês um pequeno broche em formato de máscara para que lembrem-se dessa noite. Espero que ninguém tenha nada contra esmeraldas. - falei, sorrindo largamente.
-Então, um brinde a todos nós! - finalizei, erguendo a taça na direção de todos, tomando um pequeno gole do líquido, sinalizando em seguida para que o DJ voltasse a tocar um música, essa bem mais animada do que a anterior.
Quando a movimentação voltou ao normal, caminhei com Paôla, me separando dela para ira até o bar. No entanto, no caminho notei a presença de um novo mascarado. O interessante dos bailes de máscaras é que todos podem ser exatamente aquilo que são ou algo novo, inventado, construído para aquele momento. As máscaras serviam como escudos protetores da verdade, da face que revela a essência. Apesar disso, tinha certeza que tal homem era aquele que fizera morada em meus pensamentos mais secretos desde o encontro na sorveteria. No entanto, a intensa dúvida sobre como ele viera parar ali na mansão me incomodava. Em um misto de nervosismo e curiosidade, segui entre os presentes que já se punham a dançar. Desviava dos corpos dançantes, sorrindo brevemente para aqueles que encaravam-me. Como um predador sedento por sua presa, traçava o caminho de olhos atentos, ávido por achar o loiro mascarado. Os minutos de procura pareceram horas, mas por fim o vi uma segunda vez, recostado ao canto, observando a coreografia dos demais, que seguiam o embalo da melodia. Aproveitando-me de sua distração, segui de forma a aproximar-me sem ser notado, verbalizando palavras sussurradas logo que encontrei-me próximo o suficiente para sentir aquele perfume inconfundível e memorável.
-Me concede a honra dessa dança, senhor?! - questionei, sorrindo e estendendo a mão na direção do outro.
OFF: Interagindo com Todos os presentes!